O bolinho caipira é a grande atração de uma feira que começa na próxima sexta (25) e vai até domingo (27), no Museu de Antropologia do Vale do Paraíba, em Jacareí. Além das barracas com os três tipos de sabores de bolinho mais conhecidos na região -- peixe, carne de porco e linguiça -- e bebidas típicas como quentão e vinho quente, a 2ª Feira do Bolinho Caipira traz exposições, debates e shows com a Associação dos Violeiros, Rancho da Viola Branca, Cantinho da Viola, banda West Valley.
As barracas estão a cargo de entidades assistenciais da cidade que irão vender três unidades do bolinho a R$ 1,00. O bolinho caipira tradicional de Jacareí tem como base uma receita simples: farinha de milho branca, água, sal, cheiro verde e óleo para fritar. O recheio pode variar conforme o gosto do freguês: peixe, carne de porco ou linguiça.
'A feira é evento promovido pelo poder público e não visa ao lucro. Por isso convidamos entidades assistenciais para participar. Toda a renda será em prol dessas participantes, e 10% destinado a despesas de instalação e manutenção da feira”, explica a presidente da Fundação Cultural, Sonia Ferraz.
Aspad (Associação de Pais e Amigos de Down) é uma das quatro entidades que participarão da feira. A entidade, que participou da primeira edição em julho de 2009, estará vendendo bolinho caipira com recheio de linguiça. “No ano passado vendemos 7.000 bolinhos durante três dias. Nossa meta é chegar a 10 mil, já que estamos na temporada das festas juninas”, diz Geise Aparecida Conceição, funcionária da entidade.
Atraídos pelo sucesso da feira no passado, o grupo de teatro da Paróquia São João Batista aceitou o convite para participar pela primeira vez. “São 30 jovens que estarão envolvidos na produção e venda dos bolinhos. Esse é nosso diferencial, pois o costume de fazer bolinho caipira é atribuído a pessoas com mais idade”, comenta a quituteira Silvana Paranhos da Silva Machado, que aprendeu a fazer o bolinho com a sua mãe. Também participam da feira a Associação Humanitária Amor e Caridade e a Mantenedora Vicente Decária.
Projeto pode transformar bolinho em patrimônio da cidade
Em mais de dois séculos de tradição na cidade, o bolinho caipira ganhou popularidade em festas juninas, sua fama se espalhou pelo Estado e, agora pode virar patrimônio cultural de Jacareí. A iniciativa de reconhecer o bolinho caipira como um patrimônio partiu da Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu.
A saborosa discussão que começou no ano passado ganha mais tempero este ano com o debate no domingo (27) promovido pela Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu no Museu de Antropologia do Vale do Paraíba. O debate começa às 20h, com entrada gratuita, e tem a participação do antropólogo Eduardo Gehrke e José Armando Esper.
Segundo o diretor de Patrimônio da Fundação Cultural, Alberto Capucci Filho, o objetivo do debate é “aprofundar a pesquisa e discussão sobre a origem do bolinho caipira, que desde 1925 já era vendido no antigo Mercado Municipal de Jacareí”.
A diretoria de Patrimônio iniciou estudos e pesquisas para colher dados e informações sobre a origem e difusão desse prato típico. Mas, de acordo com Capucci, é um saber que passa 'de mãe para filha', por isso não há registros fotográficos ou escritos -- o que existe é história oral.
Ainda segundo ele, é provável que a origem dessa iguaria esteja entre os índios puris (grupo indígena que habitou a região sudeste), que utilizavam o peixe e farinha como ingredientes. Com a vinda dos portugueses, no século XVI, passou a ser feito com carne de porco. Hoje há variações no modo de preparo, mas a receita à base de farinha de milho branca e linguiça permanece como a tradicional.
Mercado Municipal é ponto de venda desde 1925
Na exposição, assim como no debate, o público vai conhecer a história e as polêmicas sobre a origem desse prato tão popular na região do Vale do Paraíba. Há quem diga ele foi “criado” pelos tropeiros que passavam pelo Vale do Paraíba em direção ao interior, onde primeiro foi cultivado o milho, vindo dos países do leste da América do Sul.
Em Jacareí, sua popularidade é envolta em uma saborosa história, que tem como protagonistas o casal 'Seu' Edo e 'Dona' Nicota, que eram donos do Botequim de Café, inaugurado em 1925 no Mercado Municipal de Jacareí.
Contada pelo neto do casal, o antrópologo Eduardo Gehrke, a história traz 'Dona Nicota' como a divulgadora “primordial” do bolinho caipira na cidade. Em texto publicado na internet sobre a história do bolinho caipira, Eduardo Gehrke diz o seguinte:
“Rapidamente o prato foi adotado nas quermesses e festas juninas da região e, já nos anos 40, o Bolinho Caipira era considerado 'tradicional' da cidade, de tal modo que os viajantes que por ali passavam não deixavam de comprá-lo no Mercado tão logo pudessem.
Com o falecimento de Seu Edo, que a ajudava nas compras e contabilidade do estabelecimento, dona Nicota continuou sozinha a preparar e vender os Bolinhos Caipiras em seu Botequim de Café no Mercado Municipal e, com eles, proveu e educou seus sete filhos, por nada menos que 28 anos (1925 – 1953)”.
Zequinha do Mercadão – Um dos mais antigos na arte de fazer o bolinho caipira é o comerciante José Maria de Souza, mais conhecido como Zequinha do Mercadão. Ele conta que faz bolinho caipira desde 1958. A sua banca no Mercado Municipal de Jacareí – que funciona desde 1962 – tem como principal atração o bolinho caipira de linguiça. “Também fazemos, sob encomenda, o de peixe.”
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