Nadiejo

Cantando profissionalmente há 14 anos, Nadiejo tem total consciência do papel social do artista e mostra cautela ao falar sobre a liberdade que internet oferece à cultura, em especial, no que se refere à música. “Hoje todo mundo pode ser músico, todo mundo pode ficar conhecido  na internet, mas e o conteúdo?”, questiona.

Para ele, a internet é uma excelente ferramenta, mas tanto os produtores de arte quanto os consumidores precisam ser educados para aprender a usá-la de forma adequada. “O  excesso  de informação está deixando tudo muito confuso. É preciso filtrar a maneira de ouvir música porque a internet facilita o acesso a todas as coisas, inclusive ao que não é tão bom. Acredito que mais  para frente vamos conseguir equalizar isso e saber como lidar com essa tecnologia”, sentencia.

Apesar de ter “um pé atrás” em relação ao novo meio, o cantor admite sua relevância na conquista de seus objetivos. Nadiejo acredita que a música é, acima de tudo, um instrumento de transformação e vê na internet uma maneira de produzir efeitos em um maior número de pessoas através da sua arte.

 “A música é uma ferramenta de transformação íntima e social e quanto mais pessoas forem atingidas, melhor. Meu objetivo é levar mais emoção e mais beleza para a vida de mais pessoas”, confessa o artista que enfrenta de cabeça erguida o desafio de viver de música no Brasil. Segundo ele,  o mais difícil em São José dos Campos no que se refere à música é, sem dúvida, a questão financeira. “O patamar salarial estabelecido na cidade ainda é muito baixo”, lamenta.

Apesar disso, o cantor se diz feliz com o que faz e com o desenrolar de sua carreira. Cantando para públicos diversos em preferências e volume, Nadiejo garante que todas as adversidades são compensadas pelo prazer de cantar. Para esse carioca, criado em solo joseense, o que falta na cidade é investimento e rigor profissional.

“Espaço existe, mas falta profissionalismo de todas as partes. A cidade tem potencial, tem público, tem gente fazendo coisa boa, mas não tem divulgação, os shows são mal produzidos. Falta iluminação adequada.... tem lugar que nem tem palco”, comenta o cantor acrescentando que o fazer artístico em São José dos Campos ainda é muito amador.
“É como se a música não pudesse incomodar. Poxa, se você quer colocar música no seu bar, então, ofereça  ao artista uma estrutura adequada para que ele possa se apresentar de uma forma bacana, respeitando quem está lá para ouvir.Tem que investir nesse diferencial.  Agora, se é para colocar o cara escondido atrás do banheiro, é melhor nem colocar”, dispara.

No entanto, o artista sabe que viabilizar essas coisas não é fácil e como a cultura ainda é um bem  pelo qual as pessoas não admitem pagar, a falta de dinheiro inviabiliza a contratação de profissionais especializados. “Esse investimento em técnico  de luz, cenógrafo e outros trabalhadores gabaritados para esse tipo de serviço é caro”, lamenta.

Trajetória

Nadiejo teve seu primeiro contato com a música aos 10 anos de idade através do piano. Mas isso durou pouco porque dois anos mais tarde, o garoto conheceu o violão e não parou mais. O tempo passou e ele começou a participar de apresentações relacionadas às atividades do Rotary Club, instituição da qual seu pai fazia parte.

Nadiejo dividia-se entre a arte e a faculdade de Direito até que em 1995 descobriu que a rotina burocrática de um advogado não atendia às suas expectativas para o futuro.  Largou tudo e arriscou na carreira artística. De lá para cá ele vem tirando seu sustendo da música e conseguindo realizar sonhos.

Em pouco mais de uma década de estrada o cantor já gravou dois cd’s, o que é um grande feito para um cantor independente de uma cidade do interior paulista.  O primeiro álbum, “Distâncias”,foi lançado em 1998 com canções próprias; o segundo, de 2005 não tem um nome específico, mas ele chama de “Álbum Azul” porque “o encarte é todo feito em azul”, explica.

Nesse segundo trabalho, além das suas composições, Nadiejo fez interpretações de sucessos da MPB.  Em ambos os casos, a venda dos CD’s se deu por impulso, ou seja, ele oferecia o álbum quando ia cantar e garante que a aceitação do público era boa.

No repertório de Nadiejo estão canções de João Bosco, Caetano Veloso, Lenine, Zeca Baleiro, Baden Powell e outros ícones da música brasileira, mas o cantor não nega também a influência do pianista Petter Katter. Mas ao interpretar as músicas dos seus ídolos, Nadiejo dá um jeito de imprimir a sua marca, dando uma nova roupagem para as melodias.
“Não faço cover, coloco o meu jeito de tocar, dou a minha cara para uma música que já é conhecida pelo público”, garante. O público, aliás, é prioridade no desenvolvimento do trabalho desse artista. Segundo ele, seus shows são construídos de acordo com o comportamento da plateia  que o assiste. Assim, a escolha do repertório é variável, não segue um roteiro pré-estabelecido.

Nas suas composições o artista procura trabalhar temas variados e revela que tudo pode lhe inspirar.“Eu declaro meu amor. Seja por um lugar, por uma cidade, por uma pessoa ou por uma paisagem especial... falo também de sonhos que eu tive durante a noite, de questões cotidianas e de esteriótipos”, confessa.

 Para 2010 o artista tem um projeto que promete dar o que falar. “Quero gravar um DVD em um formato diferente, privilegiando closes, off’s. com uma coletânea de artistas da região. Quero fazer uma coisa mais artística, apresentando um pouco da história da vida desses artistas”, sonha.

Para ele esse tipo de trabalho de identificação do artista local é fundamental para que a cultura passe a ocupar lugar de destaque na formação do cidadão. “Falta  educação artística, as pessoas não sabem quem são os artistas e se você não sabe quem é Ana Cañas {cantora paulistana que lançou seu primeiro Cd , “Amor e Caos”, em 2007, arrancando elogios da crítica especializada], você não vai se sentir estimulado para ir a um show dela...falta informação e conscientização dos agentes culturais para a formação do público”, avalia.

Acesse o perfil no Orkut de Nadiejo:
http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=5388491768083301762




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